Exposicição ALEXANDRE CHAVES, PINTURAS. Fortaleza - Ceará - Brasil.


ALEXANDRE CHAVES, UM JOVEM PINTOR.

Desde o momento que fui apresentado e tive a oportunidade de falar com Alexandre Chaves e de presenciar uma de suas seções diárias de pintura, não deixei de pensar no jovem pintor. A primeira vista é uma pessoa que brilha com luz própria, apesar de sua juventude. Mesmo que não profira uma palavra, surpreende por sua personalidade agradável e simpática, proporcionando um certo bem estar apenas com sua presença.

Nos últimos dez anos, de 1999 até os dias atuais, participei da organização de mais de 100 exposições em Madri, Barcelona e outras cidades da Espanha e, logicamente, tive a oportunidade de conhecer e conversar com um número muito maior de artistas, o que constituiu-se numa das experiências mais enriquecedoras de minha passagem por este setor profissional; e, entre tantas personalidades do mundo das artes que conheci, Alexandre é uma das que mais despertou especialmente minha atenção.

Nascido no seio de uma família de Fortaleza, pertencente a uma saga de intelectuais, depois de um período como jogador de xadrez, Alexandre começou uma atividade diária, voltado para pintura. E, a cada dia depois do entardecer, pinta até altas horas da madrugada, descansando apenas pelas manhãs. Nesse ponto deve-se destacar a compreensão da família ao aquiescer e aceitar a imperiosa necessidade que o jovem criador tem de desenvolver sua expressão através da pintura como caminho para compreender o mundo que habitamos, sua própria existência, melhorar seu nível de comunicação e compartilhar com os outros suas pesquisas e descobertas.

Em 2009, Alexandre já realizou mais de 140 pinturas, uma produção surpreendentemente disciplinada, em virtude de sua juventude. Ele pinta com uma fascinante facilidade, que eu classificaria como instintiva.

Sua pintura é fundamentalmente simbólica. E sabemos através dos ensinamentos da escola Junguiana que “os símbolos apontam direções diferentes daqueles que percebemos com a nossa mente consciente; e, portanto, relacionam-se a coisas inconscientes ou apenas parcialmente conscientes”.

Alexandre Chaves é um autêntico autodidata. Poderíamos, então, pensar que um artista tão jovem deveria frequentar uma escola ou ter aulas com um mestre. Todavia, como artista criador, tenho dúvidas de se isto não seria uma interferência na relação do artista com sua fontes mais profundas, que imagino sejam de caráter inconscientemente arquetípico. E, creio, um dos valores que contribui significativamente para a importância das pinturas de Alexandre é que ele desconhece a história das artes, as obras mestras dos grandes artistas, não se importa diretamente pela produção de nenhum artista em especial, não tem estilo ou tendência artística favorita, nem revela influência consciente alguma explícita. Não experimenta necessidade de homenagear artista algum, nem busca inspiração fora de si mesmo.

Creio que, desconhecendo toda a literatura psicanalítica que estuda a função dos símbolos desde o princípio desta técnica que faz uma divisão entre os símbolos naturais e culturais, Alexandre terá tempo e ocasião propícia para descobrir e conhecer tudo isso. Todavia, não posso evitar o encontro de coincidências estilísticas entre as suas pinturas e as do artista espanhol Luis Gordilho (Sevilha, 1934), Prêmio Nacional de Artes Plásticas e, recentemente, o Prêmio Velazques, que realizou sua primeira exposição individual em 1959.

Assim, atrevo-me a pensar que a pintura de Alexandre tem uma forte carga arquetípica e tempo teremos, acompanhando a obra deste artista que nasce, para constatá-lo. O arquétipo alcança sua máxima expressão quando é descoberto, pacientemente, e outorga seu verdadeiro significado ao indivíduo que o experimenta.

Formalmente, a pintura de Alexandre tem uma contundente composição, realizada com cores puras e fortes. Em muitos casos, fundos de figuras geométricas em cores limpas, sem misturas, com superposições de labirínticos caminhos – imagens submetidas a um processo de evolução em busca do seu estado definitivo.

Suas figuras e símbolos reclamam nossa atenção sobre a vinculação entre o mundo do pensamento, a experiência e a expressão estética. Sendo sugestiva a vinculação da obra de Alexandre com a cultura popular e o mundo do desenho gráfico. Creio que, mais cedo ou mais tarde, descobriremos um gravador incomum, porque sua expressão estética se adéqua fantasticamente às possibilidades técnicas dos gravados.

Entendo que um dos caminhos de nosso jovem autor é descobrir, em parte, como funciona o processo criativo, pois desconhecemos a forma lógica e precisa do seu mecanismo; para ele deveríamos conhecer como funciona a vida, a nossa também, criadora de emoções e símbolos.

Texto: Francisco Lara Mora (produtor cultural), outubro 2009.

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